Quando examinamos os escritos sagrados ficamos maravilhados com a perfeita linha de raciocínio de seus escritores. Durante muito tempo, por não pesquisar pessoalmente este assunto, acreditei que o Senhor que se manifestara de muitas maneiras no Velho Testamento era a pessoa do Senhor Jesus, o Cristo de Deus. Meu queixo caiu quando, para minha surpresa, pude constatar que eu estava equivocado; e não somente eu, mas muita gente igualmente se surpreenderá com a revelação.
O apóstolo João abre seu livro dizendo que: “No princípio era o verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1:1-2 e 14.
Aparentemente e inicialmente, João fala de dois “Deuses”, sendo que um se fez carne e habitou entre nós. Ele afirma que o Verbo (A Palavra) era Deus, ora, se era, isso pode significar que não é mais? Bem, verbo implica em ação, logo, a Palavra foi o agente ou porta-voz de Deus; Aquele a quem Deus usou como representante direto de Sua pessoa na consecução de Seus planos aqui na terra e nos céus.
Isso quer dizer que as coisas foram criadas pela Palavra, mas não tiveram a origem nEla:
“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho. A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” Heb.1:1 e 2.
Em palavras muito rudimentares, e que me perdoem a comparação, mas é que no momento eu não tenho outra melhor para fazer, mas é como se Deus, o Pai, fosse o engenheiro projetista e
Jesus, seu Filho, o Mestre de obras. Em outras, palavras, não foi propriamente o Engenheiro quem construiu, mas partiu dEle a idealização do projeto.
Este é o início, para alguns, de um grande dilema teológico: Verdadeiramente, houve algum tempo no qual o verbo foi Deus e não é mais, ou o verbo era Deus ou depois de Se feito carne e osso, como nós, continua sendo Deus?
Bem, esse mesmo Verbo que se fez carne, em alguns momentos da história dos patriarcas e do povo de Israel foi visto, e conversou face-a-face com humanos. Portanto, prezado leitor, se este
Verbo tivesse a mesma dimensão e grandiosidade do que o nome Deus revela, ele não poderia ter sido visto.
Aliás, o próprio apóstolo João faz a seguinte declaração, antes de encerrar o primeiro capítulo:
“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o fez conhecer”. João 1:18. Há uma versão que traduziu assim: “Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer”. Esta tradução está completamente equivocada. É uma forma de forçar a doutrina da trindade, mas segundo textos gregos mais antigos o que encontramos é o seguinte:
θεον ουδεις εωρακεν πωποτε ο
μονογενης υιος ο ων εις τονκολπον του πατρος εκεινοςεξηγησατο
O que notamos é: μονογενης (monogenes) υιος (huios), que traduzido fica assim: o Filho unigênito; isto é, o único gerado de Deus; não criado. Diante da declaração joanina: Deus nunca foi visto e ponto. Se houvesse de fato uma “trindade” ou “três em um”, isso significaria: que nem o Pai, nem o Filho e nem a suposta terceira pessoa, o espírito Santo poderia ser vista.
Portanto, Jesus é retratado apenas como o Filho de Deus, e não propriamente como Deus. Ainda que semelhante ao Pai, o Verdadeiro Deus, não teve e nem tem por pretensão ou usurpação ser igual a Deus, explicaremos melhor um pouco mais adiante essa questão.
Jesus, como o Messias, tinha uma dupla missão: 1) a de salvar a humanidade (Mat.1:21; 18:11); e a de vindicar (ou resgatar) o caráter (imagem) de Deus (Isa 48:9; Ezeq 20:9, 14, 22, 44; Sal 106:8).
Ao longo do tempo o inimigo havia criado uma falsa imagem da pessoa de Deus. Ele havia nutrido o pensamento de que todas as coisas ruins que aconteciam aos humanos eram, de certa forma, algum tipo de punição que Deus estava realizando na vida daquela pessoa. Qualquer erro, qualquer deslize, qualquer vacilo, lá estava Deus para aplicar um devido corretivo ao transgressor e rebelde. Assim, a pessoa de Deus passou a ser vista como: vingativa, punitiva e implacável. Que este Deus não se importava muito com as criaturas humanas e que vivia muito longe do alcance humano. Em suma: este Deus era severo e distante (o DEUS do Velho Testamento).
Era intenção de Yahweh resgatar, na pessoa do Filho, o Cristo, Sua verdadeira imagem. Por isso Jesus foi chamado de Emanuel, como profetizou Isaías: “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz a um filho, e será o seu nome Emanuel”. Isaías 7:9. E essa mesma profecia é repetida por ocasião do nascimento de Jesus: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, chama-lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido é: Deus conosco”. Mat.1:23.
O que Isaías quis dizer era que Deus se faria presente através da pessoa de Seu Filho. Deus estava visitando a humanidade por intermédio de Seu Filho. Que Ele realizaria suas obras ante aos homens por intermédio de Seu Filho. Que Deus está conosco, não nos abandonou, está ao nosso lado. Mas em nenhum momento esse mesmo filho seria ou ocuparia o lugar que pertencia unicamente a Deus, o Pai. Tanto é que em todo o ministério de Jesus, ele nunca foi chamado pelo nome de Emanuel. Foi conhecido sim por: Cristo, Messias, Jesus, Nazareno, Galileu, mas nunca como Emanuel.
O próprio Cristo disse acerca do Pai: Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai. João 6:45-46. Nesse texto Jesus afirma que veio da parte de Deus e que este Deus é Seu Pai. Cristo faz uma declaração muito séria quando afirma: “...Não que alguém tenha visto o Pai...”, isso quer dizer que desde a queda de Adão no paraíso ninguém viu a Deus.
Bem, amigo leitor, se ninguém viu ao Pai, se olho mortal algum viu a Deus, logo, quando abrimos nossa Bíblia em Gên.18:1 a 33, especialmente os vs 1 a 6, e quando lemos:
“Depois apareceu o Senhor a Abraão junto aos carvalhos de Manre, estando ele sentado à porta da tenda, no maior calor do dia. Levantando Abraão os olhos, olhou e eis três homens de pé em frente dele. Quando os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro, e prostrou-se em terra, e disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo. Eia, traga-se um pouco dágua, e lavai os pés e recostai-vos debaixo da árvore; e trarei um bocado de pão; refazei as vossas forças, e depois passareis adiante; porquanto por isso chegastes ate o vosso servo. Responderam-lhe: Faze assim como disseste”.
Seguramente este Senhor que apareceu a Abraão, neste capítulo, com certeza não era o Pai. Seguramente se tratava da pessoa do Filho, com a missão de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra. Abraão oferece-lhe alimentos e água para lavar-Lhes os pés. O pai Abraão conversa face-a-face (visivelmente) com este Senhor, e até intercede em favor dos habitantes de Sodoma e Gomorra. Porém, este Senhor não é o mesmo Senhor que apareceu no capítulo anterior, quando disse:
“Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença, e sê perfeito; e firmarei o meu pacto contigo, e sobremaneira te multiplicarei. Ao que Abrão se prostrou com o rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo: Quanto a mim, eis que o meu pacto é contigo, e serás pai de muitas nações;” Gên.17:1-4.
O aparecer aqui, não significa presença física, mas a manifestação sobrenatural de Deus perante Abraão. Deus tem muitas formas de Se revelar aos seres humanos. Ele pode Se revelar através de sonhos, visões, voz, ventos, relâmpagos, trovões, etc. No caso aqui, é bem provável que o Senhor se manifestou apenas através de Sua voz, segundo o relato histórico do primeiro livro da Bíblia...
continua...
Pr. Lindenberg Vasconcelos – Sorocaba-SP
pastorlindenberg@yahoo.com.br.
2 comentários:
Olá irmã, eu também acabei por descobrir a Verdade! E no começo é muito chocante!!! Mas a Bíblia se explica por si mesma, não preisa de doutores ou teologos! Que o único Deus verdadeiro continue te abençoando ricamente em Cristo!!!
A Verda não precisa de defensores, precisa de buscadores... E quanto mais a buscarmos mais seremos libertos, valeu irmã, um abraço em Cristo!
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